sexta-feira, 1 de abril de 2011

Vinte e Nove do Três do Onze

Há que começar de novo. E começa-se pelo início, exactamente por aquele início de dia, aquele despertar lento para a consciência das horas que se seguem. Ali, quando o sonho cessa e o baque do real se impõe. Há que acordar, tirar o peso dos pés da cama e segui-los por aí, até ao horário que cumprimos e às responsabilidades a que nos submetemos. É isso, o levantar da cama, o que nos abate.
E tem sido custoso. Não que me faltem muitas horas de sono ou descanso, não é o corpo que se atrasa. É aquele peso que a alma impõe, é a força com que nos empurra de volta ao sono que já não voltará tão cedo, é o desânimo e a inexistência de um motivo feliz para começar um novo dia, que de novo aparentemente pouco tem.
E hoje foi diferente. Hoje, apesar do nervosismo e ansiedade que se impunha, a alma não me quis esconder de novo nos lençóis pesados, não me implorou que o tempo não corresse mais e nos deixasse sós. Hoje sorriu-me, abriu vagarosamente os cortinados para a luz entrar e disse que seria um dia bom. Hoje havia algo novo, hoje estaria algo realmente meu nas horas das tarefas diárias. Hoje seria um pouco mais de mim e menos dos outros. Talvez tenha sido isso.
Fica-me na memória aquele instante, tão díspar de todos os outros, que se repetem há tanto tempo, que me recordou daquilo que realmente procuro e que, confirma-se, me fará tão bem.

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