segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vinte e Seis do Nove do Onze

Não me incomodo com atrasos. Duas horas à espera por uma consulta são toleráveis quando há oportunidade de observar quem chega e parte.
Como a senhora que bufa. Bastou chegar para perceber que não era família de grande paciência. Já de sobrolho desconfiado e gestos esquivos, chega com a sua mãe e já antecipa a demora. Sentada a meu lado, junto à sua mãe, que aguarda um pouco mais conformada, espera atentamente pela chamada no altifalante. Por cada nome que soa e que não corresponde à sua expectativa, bufa. A quantidade e intensidade de ar expirado vai crescendo gradualmente de forma que até eu já desejo que o tal nome seja pronunciado pois começo a recear a minha segurança. Eventualmente, o nome chega. Acabaram-se os bufos, mas eu, que aqui me sentei ainda antes das senhoras terem chegado, permaneço no meu lugar, aguardando pacientemente pela minha vez no altifalante, sem uma única inspiração profunda.
Quase duas horas depois, preparo-me para me exaltar quando, por fim, chega a minha vez. Sou paciente.

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