segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Três do Um do Onze

Duas criancinhas abandonadas na ponta da mesa desenham sobre os papéis que lhes deram, a mesa do restaurante é sempre uma tentação. Desenham casas e pintam as letras brancas da publicidade à cerveja. Uma tem oito, outra tem seis e estão a conhecer-se.
A mesa ao lado não é indiferente à brincadeira. No final da refeição, dedicamo-nos, nós gente crescida, aos desenhos no papel da mesa. Relembramos os desenhos de antigamente, recriamos os bonecos da nova cortina de banho e desenhamos as casas que já não se encontram por aí, as dos telhados em triângulo e com uma chaminé com fumo branco. Quando terminamos a obra, rasga-se o papel, como há uns anos atrás, mas desta vez não é para levar para casa a grande obra prima. Mostramos às meninas que abrem os olhos muito espantadas, olham de volta para os pais e ficam de boca aberta com o gesto.
"Cá para mim não sabes o que está aí..." "Sei, sim! É um palhaço, um pato, um leão, uma girafa, uma casa e uma menina!" A mãe insiste para a mais nova dar algo em troca. Depois de algum amuo, aceita. Na sobra do papel, escreve o nome dos desenhos e o seu nome, Leonor, na letra bonita da primária. Estica de volta o papel, guardamos a sua retribuição. Ainda vamos a tempo de a ouvir dizer "Vou levar isto para casa!"

Sem comentários: