domingo, 30 de janeiro de 2011

Vinte e Cinco do Um do Onze

Hoje já não quis voltar. São dias, parece-me. Hoje não quis regressar ao hospital de sempre nem cruzar-me com as caras do costume, hoje cansaram-me as memórias.
Assim como há quem corra o Louvre em filmes de culto para bater recordes de tempo, nós tentamos a mesma façanha, mas na urgência do hospital. Após a triagem, temos apenas cinco minutos para percorrer os longos corredores que separam a urgência geral da urgência da especialidade a que precisamos de chegar, em pólos opostos do edifício. Os seguranças carregam o sobrolho, mas é preciso acelerar o passo. Corre! Uma atrasa-se com um telefonema, a outra apressa-te até ao elevador, reencontrando-se ambas esbaforidas do quinto piso, mesmo a tempo. Já nos esperam, que os doutores também querem ir descansar e em menos de cinco minutos estamos despachadas. Porém, é preciso passar ainda pela secretaria de saída da Urgência. Coisa pouca, com certeza, é só preciso uma senha, não deverá ser difícil quebrar o recorde. Pura ilusão. Pois foi o tempo que mais custou a passar aquele em que se aguardou a resolução da papelada da fila demasiado longa. E é ali naquele cantinho, naquele pequeno espaço à saída da urgência, que a tosse dos muitos presentes mete mais medo que a doença que nos trouxe até ali.

Sem comentários: