quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dez do Onze do Dez

Ora, quem é que vai atender o belíssimo número três dois três?
Estamos em Lisboa, no correios, mesmo no centro da cidade, onde o trânsito se solavanca e os peões se repelem. O frio chegou e o humor agrava. Ao entrar, assisto a um sprint renhido até à máquina das senhas, não há tempo a perder. E, aqui, um senhor interrompe a frieza de sempre.
Vá lá, que tenho o carro mal estacionado.
O sorriso parece propagar-se para os funcionários do outro lado da banca.
Para quê tanta pressa? Não temos nada a ver com isso!
A espera não o aflige, afinal, vai ser atendido já a seguir. De pasta na mão, mantém a voz jocosa e o tom elevado.
Ah! Quem foi que chamou pelo número três dois três? Ali está, sete!
Talvez o funcionário do balcão sete prefira a sobriedade no local de trabalho, talvez seja desta que a capital caia de novo, fria, sobre a sala.
Você a mim não me vai vender nada!
O sorriso é recíproco, afinal a boa disposição é bem vinda. Afinal há mais vida por aqui. Talvez este inverno não seja tão rigoroso.

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