segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Oito do Onze do Dez

Nono dia de internamento. O sofrimento aumenta e o desânimo apodera-se do olhar. Pergunto como se sente e, na imobilidade da cama e dos lençóis que descobrem o peito nú, fala-me da diarreia que tem, de como se sente suja. Digo que vou chamar alguém para a ajudar e agradece com a doçura que nunca perde. Obrigada, minha querida. Volto já. Antes que parta, alcança-me o braço, ali tão perto como tem de estar, e sussurra algo que não compreendo. Aproximo-me, quero ouvir. E repete-mo.

Não me deixem morrer.

Um sorriso, uma mão na sua, e umas (poucas) palavras que procuram dar-lhe o conforto que não sente neste momento, são tudo o que consegui encontrar em mim para lhe oferecer. Mas o pensamento na cama 20 prolonga-se durante as horas que se seguem.

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