sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Doze do Onze do Dez

Depois de algumas horas na solidão e silêncio da casa, o telefone tocou. Era a segunda vez neste início de noite e, pelo número que surgia no ecrã, alguém me esperava em Lisboa. Lembrei-me do telefonema combinado, de fixo para fixo, algumas horas antes. Sorri. Vai saber mesmo bem uma conversa amiga. Atendo.
Estou?
Boa tarde.
Não reconheço a voz, foram poucas as palavras, mas deve ser ela, no seu jeito singular de cumprimentar respeitosamente o interlocutor. Não me contenho, então, na alegria das saudades por matar.
Olá!
...Pois. Isstou fálando para casa do sinhô *meu pai*?
Pois não era. Um telefonema formal. Um serviço que pretende saber se já adquirimos o seu produto, se está tudo em ordem, ora então muito boa tarde, com sua licença.
O riso ecoa sozinho no corredor cá de casa. Duvido que, lá do outro lado, esperassem tamanho entusiasmo no cumprimento ao seu telefonema protocolar. Pode ser que se ria também, depois da ligação terminada.

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