domingo, 28 de novembro de 2010

Vinte e Cinco do Onze do Dez

De manhã, recebi o sorriso de sempre quando me viu, apertou a minha mão com um pouco mais de força quando tive de sair, quis-me mais tempo com ela. E agora, outra, apertam-me de novo a mão, mas não me quer ali. Chamou pelo doutor, que eu não lhe bastaria, não me olhava, afastava o meu braço com a força que lhe restava, e que ainda surpreendia por ser suficiente para nos enfrentar. Não me quis dizer como a poderia ajudar e não a quis magoar mais, a sua intolerância pela minha presença não ia acabar bem. Chamei quem mais autoridade tem para resolver a situação. Quis ajudar enquanto lhe tiravam o sangue que era preciso. Dei-lhe a mão, para que não fosse estragar o trabalho e magoar-se e para que soubesse que alguém ali estava. Geralmente, sossega. E apertou-me a mão, com as unhas cravadas na minha carne, para que doesse, para que desistisse, para que a abandonasse. Não o fiz. Abracei mais a mão, para que as unhas não conseguissem encontrar de novo caminho para a minha carne, e fingi que a marca que me ficou na pele não fora propositada. Porque, apesar de tudo, não deixamos de ajudar.

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